É fascinante a leitura do livro chamado do Eclesiastes ou Qohélet.
Pessimista? Sem dúvida, mas é sobretudo a reflexão de um Sábio sobre a brevidade da vida e a caducidade de todos as coisas. “Apliquei-me a estudar e a explorar todas as coisas que sucedem debaixo do céu. E achei que tudo é ilusão e correr atrás do vento.”
Para o Eclesiastes, o tempo não mede a sucessão dos acontecimentos; é qualquer coisa de arbitrário, uma espécie de roleta que nos diz que tudo o que é, já foi, nada de novo debaixo do sol. É claro que a morte, nesta perspectiva, não tem qualquer sentido. Quebra-se o círculo simplesmente. O que não impede a belíssima descrição do fim:
“Quando se acorda com o piar de um pássaro e emudecem as canções / Então também haverá o medo das subidas […] Antes que se quebre a bilha na fonte, / e se desenrole a roldana sobre a cisterna […] Então o pó voltará à terra donde saiu / e o espírito voltará para Deus que o concedeu ./ Ilusão das ilusões.”
Este Sábio parece ainda prisioneiro da visão dos povos que não beneficiaram da revelação do Amor que cria para o amor. Para estes o tempo é circular, tudo volta ao início, não há verdadeiro progresso nem novidade.
Para os israelitas, considerados os inventores da História, e mais ainda para os cristãos, o tempo é um vector, teve um início e terá um fim. Pode-se aprender com o passado e assim é lícito dizer que a História é mestra da vida. Mas, ao oposto das expressões do Eclesiastes, nada se repete; cada momento é um marco em ordem ao termo.
Assim sendo, cada um é responsável pelo futuro. No dizer de Teilhard de Chardin, Cristo é o ponto ómega, para onde tudo converge.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
domingo, 5 de julho de 2009
Amo-te
Dizer a alguém “Amo-te” é uma aventura. A resposta pode ser não, pode ser a indiferença ou pode ser sim. Quando é sim, então começa nova aventura mas, desta vez, a dois. Aquele que tomou a iniciativa, na verdade nunca é o primeiro. Antes teve que ser misteriosamente atraído; tem que ser ele a dar o primeiro sim.
Com Deus passa-se algo semelhante mas radicalmente diferente. Ele é que é verdadeiramente o primeiro pois nada o poderia atrair.
Disse-o de muitas maneiras já no Antigo Testamento: amei-te desde o seio de tua mãe; amei-te quando me eras infiel…
Mas claramente, só o disse no Novo Testamento, pelo Filho. Antes que o mundo existisse eu te amei pois foi no amor que criei o mundo e no mundo te chamei à vida.
No princípio do princípio era o Amor. A grande aventura em que Deus se comprometeu foi colocar na existência uma criatura capaz de recusar o Amor. Posso dizer não; posso dizer sim e ser infiel…mas posso também dizer sim, apaixonar-me e dar quanto tenho e quanto sou.
Afinal é só uma restituição: tudo me foi dado, até o poder dizer sim ou não. E apesar de todos os meus nãos, Ele será sempre o Sim que não se arrepende.
Com Deus passa-se algo semelhante mas radicalmente diferente. Ele é que é verdadeiramente o primeiro pois nada o poderia atrair.
Disse-o de muitas maneiras já no Antigo Testamento: amei-te desde o seio de tua mãe; amei-te quando me eras infiel…
Mas claramente, só o disse no Novo Testamento, pelo Filho. Antes que o mundo existisse eu te amei pois foi no amor que criei o mundo e no mundo te chamei à vida.
No princípio do princípio era o Amor. A grande aventura em que Deus se comprometeu foi colocar na existência uma criatura capaz de recusar o Amor. Posso dizer não; posso dizer sim e ser infiel…mas posso também dizer sim, apaixonar-me e dar quanto tenho e quanto sou.
Afinal é só uma restituição: tudo me foi dado, até o poder dizer sim ou não. E apesar de todos os meus nãos, Ele será sempre o Sim que não se arrepende.
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