Há poucos dias, na SIC, o apresentador da Exposição dedicada a Darwin, na Gulbenkian, teve uma frase lapidar que cito de memória: “Uma vez que conhecemos pela ciência a origem das espécies, já não precisamos de Deus”.
Na verdade esse deus é perfeitamente dispensável. Darwin teve o grande mérito de mostrar que a vida é um todo e que, ao longo do tempo, as espécies vão dando origem a novas espécies até se atingir a vida humana. É verdade que na vida humana há alguma coisa que não depende da evolução – o espírito; e é isso que distingue o ser humano de todos os outros animais. Mas Deus está presente pelo acto criador tanto neste processo evolutivo, como na visão fixista segundo a qual Deus teria criado cada uma das espécies em particular. É assim que está escrito no Livro do Génesis (ou das origens). Mas a Bíblia não é um livro de ciência, é um livro de teologia cujo objectivo é afirmar, nos dois relatos da criação, que tudo quanto existe depende do acto criador de Deus. Utilizando naturalmente os conhecimentos e os métodos do tempo em que foi escrito.
Contrapõe-se por vezes o evolucionismo e o criacionismo. Isso pode acontecer de facto; mas também é possível não haver antagonismo, quando os defensores do “criacionismo” reconhecem a acção criadora de Deus ao longo do processo evolutivo.
Quem professa uma fé esclarecida alegra-se com todos os avanços da ciência. A sua fé não está fundada sobre o modo como as coisas acontecem: interroga-se sobre o porquê dos mesmos acontecimentos. A confusão deriva de não se distinguirem claramente os campos respectivos da fé e da ciência: quando a fé interfere nas conclusões da ciência ou quando a ciência pretende provar a futilidade da fé.
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