segunda-feira, 22 de junho de 2009

Medos

Sempre admirei aquelas pessoas que não têm medo. Pode ser por inconsciência, por insensibilidade ou simplesmente por bravata. Não são essas que eu admiro. Pois há coisas de que sensatamente devemos ter medo: enfrentar animais ferozes sem proveito para ninguém; pôr em risco a própria vida e a dos outros pelo simples prazer de experimentar a orgia da velocidade, isso é temeridade e não me causa qualquer sentimento de admiração.
Mas enfrentar serenamente perigos tremendos por fidelidade ao amor de Deus ou do semelhante, isso é verdadeira e admirável valentia.
Vem isto a propósito do santo que hoje se comemora, o homem para todos os tempos, Thomas More. Humanista, com o que isto significa de cultura universal, encantador chefe de família, íntimo do rei, Chanceler de Inglaterra senhor de todo o poder, abaixo do soberano… só lhe era pedido que assinasse a declaração de nulidade do casamento real. Tão pouca coisa uma assinatura, quase todos os conselheiros o fizeram, poderia tão facilmente encontrar uma justificação…
Mas a consciência, esse cristalino, embora secreto, juíz de todas as decisões, não podia ser ignorado. Impossível fazer a vontade ao rei.
Na belíssima carta que escreveu, da prisão onde aguardava a execução, à filha predilecta, Margarida, podemos encontrar o fundamento de tão serena fortaleza em face da morte:
“Está tranquila minha filha, e não te preocupes comigo. Seja o que for que me aconteça neste mundo, não pode acontecer-me sem que Deus o queira. E tudo o que Ele quer, por muito mau que nos pareça, é, com toda a certeza, muito bom”.

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