quarta-feira, 24 de junho de 2009

O silêncio de Deus

Quando os amigos desaparecem e a tristeza me invade, quando a nada me posso agarrar e falta o pé, quando nem Deus corre a socorrer-me, é então que a fé se transforma em grito de angústia: “Meu Deus, porque me abandonaste?” Onde estavas quando chamei por ti?
O evangelista Marcos, como é hábito, coloca a situação num caso concreto. Jesus sobe para um barco com os seus amigos e aproveita a travessia do lago para descansar. Surge então furiosa tempestade que ameaça fazer soçobrar a barca e quem nela navega. Entretanto Jesus dorme tranquilamente, à popa. Não vês que nos perdemos? perguntam aflitos os discípulos. Em lugar de responder, Jesus censura: “Ainda não tendes fé?”
Habituados a estar do lado da salvação, quando os perdidos eram os outros, ainda não sabiam que lhes cabia agora ir ao encontro de quem precisasse de ajuda. Não sabiam, ainda não tinham uma fé adulta.
E eu? Quando poderei afirmar com verdade: “Ainda que os amigos me abandonem, ainda que as ondas do mal se levantem contra mim, nada temerei porque tu estás comigo”. Podes estar a dormir, aparentemente surdo e mudo, impotente. Ainda assim, sei que estás comigo, nada temerei.

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