Quando se fala de pobreza evangélica muitos pensam, e não poucos praticam, numa religião de resignação, ensimesmada, um pouco na linha das invectivas de Nietzsche e mais tarde de Marx ao proclamar a religião como “ópio do povo”.
Nada mais contrário à realidade, pelo menos no que respeita a autêntica religião cristã, a do Evangelho.
O Evangelho anunciado por Jesus é uma boa notícia de libertação. O Homem Novo iniciado por Jesus é o Homem livre, liberto do medo, da irresponsabilidade, da falsa religião que coloca os preceitos acima da dignidade humana. “O sábado é feito para o homem e não o homem para o sábado”. Nisto se resume toda a moral cristã: É bom tudo aquilo que ajuda o ser humano a ser mais livre; é mau tudo aquilo que contribui para o escravizar.
Também o Templo é feito para o homem e assim se indica como deve ser o novo culto. Dispensa-se até o templo construído por mãos humanas porque agora Deus habita no coração de cada um dos seus filhos.
Quando Jesus proclama bem-aventurados os pobres, não quer exaltar a condição daqueles que não têm que comer ou que vestir nem casa nem condições de liberdade.
São felizes aqueles que optaram por se libertar da escravidão de todas as coisas, do dinheiro, do poder, da ostentação, da vã glória. Estes, sim que são grandes no reino de Deus.
Já sabemos o que lhes acontece no reino superficial e vazio deste mundo: são uns pobres diabos, uns pobres de espírito. Felizmente a Humanidade não se confina a este reino: também se encontram, sejam embora poucos, os que reconhecem a grandeza de quem escolheu o caminho estreito da liberdade.
Quem faz esta opção de ser pobre não quer que se perpetue o escândalo das centenas de milhões que vivem em condições indignas, dos milhões que morrem de fome, dos sem casa, dos sem pátria. Ao contrário faz tudo o quanto está ao seu alcance para que vá desaparecendo esta nódoa da Humanidade.
Não querem tão pouco que os ricos passem a pobres e os pobres a ricos. Nesse caso nada se resolveria: continuaria o mesmo escândalo apenas protagonizado por actores diferentes. O que querem é que os filhos de Deus vivam realmente como irmãos partilhando, como tais, os bens que receberam, tanto espirituais como materiais.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário