sexta-feira, 20 de junho de 2008

Muito perto da meta

Quase no fim da carreira,
eu te bendigo, ó Vida!
porque jamais de ti recebi
esperança que desiludisse
nem trabalho injusto, nem pena que não merecesse.
Porque vejo, ao terminar meu rude caminho,
que eu fui o arquitecto do meu próprio destino.
Se das coisas extraí fel ou mel
foi por nelas ter posto fel ou mel saboroso.
Verdade é que às minhas primaveras seguir-se-á o Inverno,
mas nunca me disseste que Maio fosse eterno.
Não faltaram longas noites de pena
mas tu não prometeste que todas seriam amenas.
Algumas foram até
santamente serenas.
Amei e fui amado, o sol acariciou-me a face!
Vida, nada me deves!
Vida, estamos em paz!


Amado Nervo (traduzido e adaptado)

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