O grande teólogo luterano Dietrich Bonhöffer, condenado a morrer na forca pelos nazis, desenvolveu, num dos seus livros o tema: “a graça barata”.
À primeira leitura podemos pensar que não está inteiramente correcto mas por ser ainda pouco o que se afirma. Então não dizemos, dentro da ortodoxia mais católica, que a graça é dom puramente gratuito de Deus? Não só que é barata mas que é dada de graça? Ora isso sabe-o perfeitamente o Autor citado e, na sua tradição, nunca foi posto em dúvida. O que ele quer dizer é que a graça -a amizade de Deus – não se pode adquirir a preço de saldo. Diria até, que isto se pode afirmar de qualquer amizade verdadeira.
É um bem precioso e, no caso da amizade de Deus, tem um preço superior a todos os outros valores.
No Evangelho a ideia é traduzida por uma bela parábola: - Certo homem descobriu um tesouro em terreno alheio. Voltou a escondê-lo e foi negociar a compra do campo. Necessitou de dar tudo quanto possuía mas ficou feliz por ter alcançado o seu tão desejado tesouro.
Na prática, e é isso que Bonhöffer denuncia, a graça troca-se muitas vezes por qualquer bem. Vale pouco o perdão, vale pouco o sacramento, consegue-se a graça por qualquer preço – uma novena “infalível”, uma Missa, umas Ave Marias. Por isso quase nada se dá para adquiri-la ou para conservá-la, por qualquer bagatela se troca.
É verdade que o preço da graça foi pago super abundantemente por Cristo ao reconciliar a humanidade com Deus. Mas compete a cada um de nós dispormo-nos a recebê-la. Isso implica dar tudo de barato para adquirir esse bem supremo, como fez o homem da parábola.
Pertence a cada um de nós libertar-se de toda a riqueza que cria dependência, como a droga. O que significa tornar-se pobre por Cristo.
Quem ama compreenderá o que isto quer dizer. Para ser capaz de se encher do amor de Deus é necessário esvaziar-se de todos os amores concorrentes.
Não é preciso assustar as pessoas com “profecias” que são ameaças aterradoras. Basta a exigência d Evangelho: “Felizes os que se tornaram pobres por amor de Cristo – é deles o Reino de Deus”.
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