Um filme belíssimo. Tal como o título sugere, trata da génese do Universo e em particular da Terra desde os primeiros átomos até ao aparecimento dos Humanos.
A narração é feita, num Francês impecável, por um chefe tribal pertencente a uma das antigas colónias francesas. A beleza dos gestos, a riqueza das comparações e das metáforas revelam o melhor da cultura africana.
Na origem das origens tudo era trevas e vazio. Não se pode dizer quando pois não havia tempo; nem se pode dizer aonde pois não havia espaço. Tudo começou numa nuvem de galáxias. Uma das mais pequenas é a nossa “Via láctea” (a estrada de leite) onde brilha uma minúscula estrela que é o nosso Sol. À volta dele gira a Terra e os demais planetas.
Ao princípio a Terra era uma bola de fogo. Foi arrefecendo graças a um dilúvio de milhões de anos; assim nasceram os rios e os oceanos. Nesta “sopa quente” surgiram os primeiros seres unicelulares. Após uma imensidade de anos surge a improvável Vida em luta contra a corrente que tudo ameaça arrastar para o caos primordial.
Na vida, 1 + 1 = 3. A maneira de fazer aparecer um novo ser vivo é unirem-se dois, num prenúncio longínquo do que viria a ser, entre os Humanos, o amor. Quanto mais perfeitos vão sendo os animais, mais complexo se vai tornando o esquema que se repete em cada caso: sedução – aceitação – união.
O oceano foi o habitat dos primeiros animais. No entanto “a fruta do quintal do vizinho é sempre mais saborosa que a nossa”. Assim a parte seca vai sendo ocupada pelos seres aquáticos que conseguem adaptar-se ao novo ambiente do solo e da atmosfera.
Ao cabo de longuíssima evolução, aparece finalmente a maravilha que é o ser Homem-Mulher. O que não passava de tosco esboço, é agora a livre opção de cada um por se dar e receber a fim de gerar um novo Humano.
Todos somos fruto do amor. É o ápice da luta épica da Vida contra o caos e a desordem. A génese de um ser humano é um resumo da génese universal. O meu habitat começou por ser a água fecunda do seio materno; de uma semelhança de peixe passei, na aparência, a uma espécie de girino; pouco a pouco foram aparecendo, cada vez mais nítidos, a forma e os gestos do Ser Humano que eu era desde o início.
Porém com o fluir do tempo, tudo regressa ao caos primitivo. O que eu sou, era antes uma galáxia de átomos dispersos. De novo voltarei a estar na constituição de uma árvore, uma pedra ou uma nuvem. A canção que eu hoje canto será cantada por outros muitos à sua própria maneira.
Muito belo, sem dúvida, mas… truncado. Todos somos filhos do amor. Mas a totalidade, não será igualmente fruto do amor? Se não nos contentarmos com um acaso inconcebível, não pode deixar de ser. Se alguma coisa existe é porque, primeiro, existe, o AMOR. Este ser que nós chamamos Deus é que tudo colocou na existência sem qualquer motivo que não seja o Amor
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1 comentário:
a ontogénese recapitula a filogénese...
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